A SURDEZ COMPROMETE O DESENVOLVIMENTO COGNITIVO LINGUÍSTICO DO INDIVÍDUO?
Já está comprovado por estudos científicos que essa crença está ligada, em grande medida, aos discursos médicos. “Não é a surdez que compromete o desenvolvimento do surdo, e sim a falta de acesso a uma língua” (Gesser, 2009:76).
O surdo é capaz de desenvolver suas habilidades cognitivas se não tiver impedimento, para isso, o uso da língua de sinais é imprescindível, pois é através da língua que nos constituímos plenamente como seres humanos, que nos comunicamos com nossos semelhantes, construímos nossas identidades, subjetividades e adquirimos e partilhamos informações que nos possibilitam compreender e questionar o mundo que nos cerca.
Se um surdo for bem instruído na língua de sinais e tiver um bom professor que ensine as variações da LIBRAS, na escrita e no universo de palavras que temos para um sinal, o que o impedirá de escrever bons textos? E se tiver professor de educação física que sinalize as técnicas e estratégias para determinado jogo, o que impedirá o surdo de desenvolver suas habilidades esportivas? O empecilho para o desenvolvimento cognitivo-motor está no surdo ou na falta de capacitação e entendimento dos profissionais que atuam na educação inclusiva?
Está na hora de revermos nossas teorias tradicionais, e quebrar os tabus que a sociedade hipócrita e preconceituosa estabeleceu à respeito do surdo e sua cultura, estamos numa nova era: a sociedade está restabelecendo seus valores e a inclusão não deve passar despercebida mais um século.
Vale lembrar que “a surdez é historicamente e socialmente, um problema para o ouvinte. Ela em nada afeta a vida dos surdos – o problema começa a existir quando queremos torná-los ouvintes e falantes da língua oral (Gesser, 2009: 82).” Quem vê a surdez como deficiência, está se inscrevendo no modelo da normalidade ouvinte, que ignora outras culturas e identidades construídas pelo indivíduo para se relacionar com o mundo.
Para finalizar, deixo a imagem abaixo, como prova de um impulso de comunicação, onde veremos crianças de diversas etnias brincando juntas em uma praça, dentre estas crianças, onde a maioria fala inglês e francês, está a minha filha, com 3 anos que se comunica em português, mesmo sem entender o que o outro estava falando, elas brincavam, se abraçavam e conversam tranquilamente.